A castanha de caju é a
principal atividade econômica do município de Severiano Melo, no Oeste do Rio
Grande do Norte. Porém, a estiagem prolongada tem modificado a paisagem da
região. No lugar de árvores verdes, estão cajueiros acinzentados. Pior que
isso: o tempo quente e seco favorece o aparecimento de pragas. A infestação da
'mosca branca' traz preocupação aos agricultores. Cerca de 80% dos produtores
do município lutam contra o fungo. É o que mostra matéria exibida nesta
segunda-feira (22) pela Inter TV Cabugi.
A média histórica para a
região é de 700 milímetros de chuva, mas em 2014 as precipitações ficaram
abaixo dos 500 milímetros. Este ano, choveu pouco mais de 280 milímetros até
agora. A esperança do produtor rural José Gomes de Melo era de que, com o
período chuvoso, os insetos diminuíssem. Mas, como as chuvas praticamente não
aconteceram, o problema só cresceu. "Com o cajueiro gigante, não há
possibilidade de pulverizar", disse.
O pomar de José fica no
sítio Morada Nova, com 110 hectares. Há cinco anos a média de produção era de
60 mil quilos de castanha. Mas com os anos seguidos de seca, a produção teve
queda. Em 2014, a safra não passou de 2 mil quilos. Este ano, com a infestação
da praga, a produção deve cair ainda mais. "Elas chupam a seiva do
cajueiro todo, e isso mata o cajueiro", explicou.
No sítio Baixa do
Açudinho, também na região rural de Severiano Melo, o cenário não é diferente.
Os pés de caju foram atacados pelas moscas brancas. É uma preocupação para
Jacinto, que investe na cajucultura há mais de dez anos. "A falta de chuva
é o principal ponto para que ela ataque. Quando você chega de manhã, você já vê
ela voando. Por sinal, ela chega até na casa da gente", disse Jacinto Carvalho.
A forma adulta do inseto
é semelhante a de uma pequena borboleta de cor branca. As mais jovens ficam
presas às folhas. As moscas sugam a seiva do cajueiro, favorecendo o surgimento
da fumagina, outro tipo de fungo. Sem o controle adequado, a ação dos dois fungos
pode matar a planta.
A mosca branca aparece
no período da floração. Como o Rio Grande do Norte já está no quarto ano de
estiagem, a incidência do inseto é ainda maior. Quanto maior a incidência da
praga, menor a produtividade. A redução pode chegar a 60%.
Rodrigo Carlos é
agrônomo e orienta os produtores de Severiano Melo a fazerem o controle das
pragas. Os cajueiros da propriedade de Jacinto Carvalho já receberam a primeira
aplicação de uma mistura preparada com água, óleo vegetal e detergente. Uma
aplicação é o suficiente, mas se o produtor observar que a infestação continua,
pode reaplicar o produto quinze dias depois. O ideal é pulverizar nas horas
menos quentes para não queimar as folhas.
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