Uma experiência implantada no Oeste potiguar pode mudar a vida de muitas famílias, especialmente da agricultura familiar do Brasil. Um sistema simples, fácil e barato que reutiliza a água servida dos esgotos e transforma os quintais inutilizáveis em uma importante área de produção, que ajuda a complementar e mudar os hábitos alimentares das residências.O sistema, conhecido por Bio-Água, é uma reprodução de um projeto já existente no Chile, mas a sua inserção no semiárido brasileiro é inédita. À uma caixa de gordura são ligadas todas as tubulações da residência e um cano encaminha a água servida para um poço feito com anéis de concreto medindo pouco mais de um metro de profundidade e diâmetro. O reservatório recebe algumas camadas de pedras seixas, brita, pó de serraria, humos e minhocas, que se alimentam dos restos de comida.Depois de passar por esse processo natural, a água segue em outra tubulação para outro recipiente semelhante em dimensões ao anterior. Neste local, o líquido já está pronto para o uso na agricultura. As primeiras experiências estão em andamento no sítio São Geraldo, município de Olho D'água do Borges.Três residências foram escolhidas para experimentar o projeto, de acordo com o gasto de água que varia de 1.200 a 300 e 200 litros por dia. Wilisses Dantas mora na casa que tem o maior gasto. Antes de o sistema chegar, o esgoto era despejado em uma fossa seca na frente da casa. Dona Severina Duarte, mãe de Wilisses, disse que, além da fedentina, as galinhas do terreiro estavam morrendo por beber a água suja.Com o Bio-Água, eles transformaram a área em um quintal produtivo para cultivar frutas e verduras. A produção alimenta a família e reduz os gastos com esses alimentos na feira da semana.O sistema Bio-Água chegou ao Brasil pelas mãos do Projeto Dom Helder Câmara (PDHC), através de um dos seus supervisores, Fábio Santiago. A Assessoria, Consultoria e Capacitação Técnica, Orientada Sustentável (ATOS) é responsável pela parte técnica, de implantação e acompanhamento. A análise da água coletada ficará por conta da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).O investimento para que isso aconteça é considerado pequeno, se levar em consideração o custo benefício. Com pouco mais de R$ 3 mil é possível montar todas as etapas e ainda adquirir o sistema de irrigação utilizado no sítio da família de Wilisses. A estrutura, além de simples, é feita para durar muitos anos e requer pouca manutenção.Por enquanto, tudo ainda é um experimento que está sendo estudado, mas se depender dos resultados, em breve será levado para todas as regiões do semiárido brasileiro.
Fonte: DeFato
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