segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Produção de castanha terá queda de 70% na região Oeste


Mossoró - Pelo menos 70% da safra de castanha de caju neste ano está prejudicada no Rio Grande do Norte devido à falta de chuva. A situação é grave e coloca em risco toda a cadeia produtiva da fruta, que no ano passado registrou uma das melhores safras da história. As precipitações em 2010 foram muito abaixo da média em todas as regiões, o que impediu a florada do cajueiro, fazendo cair drasticamente o aparecimento do fruto.

No Oeste, por exemplo, enquanto em 2009 choveu acima de 700 milímetros, neste ano não passou dos 300 milímetros na microrregião do Apodi, onde existe uma grande produção da castanha tanto no município de Apodi, como em Caraúbas e Severiano Melo, que já fica na divisa com o estado do Ceará.

De acordo com o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Simplício Holanda, que está cedido ao Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), a produção de 2010 deve ficar entre 15 e 20 mil toneladas. No ano passado, a colheita da fruta (castanha) foi de 43 mil toneladas, um feito histórico para o Estado. “A média do Estado tem oscilado entre 30 e 40 mil toneladas, neste ano talvez cheguemos a 20 mil”, disse Simplício.

Embora a situação seja crítica, o pesquisador não perde a fé. De acordo com ele, algumas áreas estão reagindo bem à falta de água, como na Serra de Sant’ana, onde ele acredita que a produção não deva cair nem 50%, assim como no Agreste.  “O Oeste é quem vai perder mais, chegando ao máximo (70% de perda). Na região de Severiano Melo, fronteira com o Ceará, a situação está crítica, tem gente dando xiquexique ao gado”, contou o pesquisador.

A falta de chuva também reduziu a produção da castanha em outros estados do Nordeste. Entre os dias 8 e 9 deste mês, cajucultores nordestinos se reuniram na praia de Pirangi do Norte, onde está localizado o maior cajueiro do mundo, para discutir sobre a cadeia produtiva do produto. Segundo Fátima Torres, presidente da Cooperativa Potiguar de Apicultura (Coopapi), representante potiguar no encontro, o RN é quem vive a pior situação, seguido do Ceará. “Dos quatro estados que participaram, RN, CE, PI e BA, quem está melhorzinho é a Bahia, onde teve mais chuva”, disse.

Cadeia produtiva do caju está se modificando no RN


A cadeia produtiva do caju vem se transformando a cada dia, com o aproveitamento de todo o seu potencial. Nos últimos anos, os produtores têm aproveitado o pedúnculo (ou caju), que era todo desperdiçado. Segundo o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Simplício Holanda, a redução na perda do fruto vem sendo reduzida em 1% ao ano. “Na década de 70 se perdia tudo, hoje, existe uma briga dos produtores pelo fruto”, explica.

Fátima Torres, da Coopapi, conta que as cooperativas estão envolvidas no processo de aproveitamento do pedúnculo, se organizando para iniciativas como a polpa de fruta e a ração do caju, que, segundo ela, é um ótimo alimento para os animais. “Precisamos estar preparados para enfrentar momentos de seca como este, quando não há forragem.”

Atualmente existem várias minifábricas de produção da ração no Rio Grande do Norte, como na comunidade de Córrego, em Apodi, Santo Atonino, em Severiano Melo, Portalegre, Assu, Macaíba e Pureza. O município de Caraúbas também possui uma estrutura, só que bem maior.

Fonte: Jonal De fato

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